segunda-feira, 14 de junho de 2010

Reciclagem verde gera bio-combustível a partir de restos de madeira


Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/05/2007


Pesquisadores da Universidade da Georgia, Estados Unidos, desenvolveram um novo biocombustível fabricado a partir de pedaços de madeira que poderá ser misturado ao biodiesel ou mesmo ao diesel comum para ser utilizado diretamente em motores a combustão.

Reciclagem verde

A produção de óleo a partir da madeira não é uma novidade científica, mas até hoje os pesquisadores não haviam conseguido criar uma técnica que permitisse a produção de biocombustíveis diretamente da madeira de forma economicamente viável para que eles pudessem ser utilizados diretamente nos motores convencionais, sem necessidade de adaptações.
As plantações de árvores para a fabricação de celulose e de móveis gera uma grande quantidade de resíduos - uma biomassa formada principalmente por galhos e pelas extremidades das árvores, que geralmente não são aproveitadas. A geração de biocombustíveis é uma das melhores possibilidades de se fazer essa reciclagem verde.
"O detalhe mais entusiasmador de nosso método é que ele é muito fácil de ser feito," diz o pesquisador Tom Adams. "Nós esperamos reduzir dramaticamente o preço da produção de combustível a partir da biomassa com esta técnica."

Bio-óleo a partir da madeira

O novo processo trata quimicamente o óleo produzido a partir da madeira, tornando-o adequado para uso direto em motores diesel.
Os fragmentos de madeira são aquecidos em uma atmosfera sem oxigênio, um processo conhecido como pirólise e hoje largamente utilizado para a produção de carvão vegetal. A pirólise libera um gás, que equivale a cerca de dois terços da massa da madeira que entra no processo. Na produção do carvão vegetal esse gás é inteiramente liberado na atmosfera.
A nova técnica aproveita justamente esse gás, que é condensado em um bio-óleo e tratado quimicamente. Esse tratamento está sendo objeto de um pedido de patente pelos pesquisadores. No final do processo, cerca de 34% do bio-óleo (entre 15 e 17% do peso seco da madeira que entra no processo) pode ser utilizado para alimentar os motores de carros e caminhões.
Os cientistas ainda vão aprimorar o processo, esperando elevar sobretudo o percentual de gás que é transformado efetivamente em biocombustível. Segundo eles, a criação de um processo em escala industrial ainda consumirá alguns anos de pesquisas.

Fonte: Site Inovação Tecnológica – Caderno Energia
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010115070524

Comentario:
Toda forma de reaproveitamento de resíduos industriais é sempre importante. Diminuir cada vez mais o lixo que produzimos ou dar ao mesmo destino sustentáveis faz com que a natureza sofra menos. A reportagem prova que é possível continuar produzindo ao mesmo tempo que essa produção causa efeitos menos maléficos ao meio ambiente. Produzir combustível de um lixo natural, a reciclagem verde é mais um passo na consciência humana para uma nova forma de se relacionar como planeta. Os cientistas, pelo menos, tem feito a parte deles. Parabéns!

Expansão de biocombustível pode aumentar emissões do Brasil

Eric Brücher Camara
Da BBC Brasil em Londres

A pecuária seria empurrada para a Amazônia pelo plantio de soja e cana


A expansão da produção de biocombustíveis no Brasil pode aumentar as emissões de dióxido de carbono do país, ao invés de reduzi-las, e empurrar a pecuária para a Amazônia e o Cerrado, de acordo com um estudo da universidade de Kassel, na Alemanha.
A pesquisa, publicada na última edição da revista científica Proceedings of the Academy of National Sciences, calcula que a expansão da pecuária rumo à Amazônia – provocada indiretamente pela expansão das plantações de cana-de-açúcar e soja, usadas na produção de etanol e biodiesel –seria responsável por quase metade do desmatamento previsto para ocorrer até 2020.
Com isso, o país levaria quase 250 anos para poupar, através do uso de biocombustíveis em vez de combustíveis fósseis, a quantidade de carbono liberada pelo desmatamento dessas áreas.
A expansão das plantações de cana se concentraria principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná; e em menor escala, no Nordeste.
Já a soja, segundo a pesquisa, avançaria nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.
Amazônia e Cerrado
No entanto, a consequência indireta dessa expansão seria o avanço da pecuária para Amazônia e para o Cerrado. Nos modelos produzidos pelos estudiosos, plantações de cana e soja seriam os responsáveis indiretos por 41% e 59% do desmatamento na região, respectivamente.
Além disso, a pesquisa sugere que entre os biocombustíveis produzidos no Brasil, o óleo de palma seria o que menos emissões de carbono produziria.
O estudiosos também afirmam que, nos próximos anos, "uma colaboração mais estreita ou uma relação reforçada entre os setores do biocombustível e pecuária é crucial para uma economia eficaz de emissões de biocombustíveis no Brasil".
Os pesquisadores de diversas instituições alemãs, liderados por David Lapola, da universidade de Kassel, advertem que utilizaram em seus cálculos aumentos "algo otimistas" de produtividade na agricultura.
"De fato, os nossos resultados podem ser piores, em vista das projeções de potenciais colheitas por causa de avanços tecnológicos", diz o documento.
Os pesquisadores afirmam que, sem este aumento de produtividade nas potenciais colheitas até 2020, o tempo necessário para pagar a "dívida de carbono" - a economia de carbono provocada pela troca do combustível fóssil por biocombustíveis – passaria a mais de 400 anos.
Os cálculos dos pesquisadores foram feitos tomando como base os planos brasileiros de expansão de uso e produção de biocombustíveis.
Além disso, foram realizadas simulações de como este aumento se refletiria em termos de mudanças diretas e indiretas do uso do solo.


Fonte: BBC Brasil em Londres – Caderno Amazônia
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/02/100209_amazoniacombustaebc.shtml

Comentário: O texto retrata muito bem como é necessário repensar as políticas ambientais praticadas no Brasil. De nada adianta aumentar a produção e o consumo de biocombustíveis, se para esse desenvolvimento serão comprometidas a floresta Amazônica e o cerrado brasileiro. O biocombustível é um importante aliado dos povos mundiais na diminuição dos efeitos poluentes sobre o planeta. Sua utilização é importante para uma nova educação ecológica das pessoas. Entretanto, o pensamento do uso do biocombustível deve ser de menos agressão a natureza, sem voltar o olhar novamente ao capitalismo exacerbado. Uma vez que, foi justamente o desmatando de áreas verdes, uma das ações humana de maior impacto ao meio ambiente, que fez com que o homem revesse sua postura atualmente.